Bom dia meninas,
Como essa semana ninguém me mandou sua história para postar :( , reproduzirei aqui uma carta enviada ao Rev. Caio Fabio, onde um marido pede ajuda, conselhos, pois sua esposa tem vaginismo. Ainda, reproduzirei a bela resposta do Rev., é um texto longo, mas vale a pena.
Caro Rev. Caio Fábio: Graça e Paz!!!
Gostaria que o senhor me ajudasse com relação a algo que há seis
anos atormenta meu casamento: Minha esposa tem vaginismo e,
consequentemente, depressão.
Sinceramente, não sabemos mais o que fazer. Já tentamos de tudo:
Psiquiatra, ginecologista e psicólogo, mas nenhum deles resolve. São
seis longos anos sem penetração. Nossa relação sexual começa de forma
intensa, com muita troca de carinho, e quando estamos nas "nuvens", e
naturalmente vai começar a penetração... pronto... parece que cai um
balde de água fria.
Minha esposa reclama que sente muita dor e involuntariamente há um
fechamento da vagina. Converso muito com a minha esposa e estamos
tentando resolver.
Querido Caio, ouço falar que vaginismo tem cura, mas por mais que
tentemos (refiro-me a minha esposa e eu), não estamos conseguindo romper
esta barreira. Também já ouvi falar que existem casais que não tem
penetração e estão juntos há mais de vinte anos...
Não deixo minha auto-estima cair, mas a da minha esposa já acabou faz tempo. Tanto que ela sente em depressão.
Sinceramente, já tentamos conversas, lubrificantes, gel inibidor de dor e
até filme pornô pra ver se tem alguma posição ou alguma outra coisa que
possamos fazer para acabar com o vaginismo; mas foi pior, pois, no
filme, minha esposa via as mulheres conseguindo a nossa tão sonhada
penetração e se sentiu inferiorizada, anormal, de outro mundo e tantos
outros efeitos.
Minha esposa tem um medo terrível de penetração. Tentei procurar
as causas disto e primeiro ela me falou que ficou traumatizada porque
achava meu pênis muito grande; depois disse que o padastro dela ficava
com olhares estranhos para ela (ainda era uma adolescente), o que a
fazia sentir nojo dele; e realmente aquele cara era meio maluco. Ele não
queria que eu namorasse minha esposa, brigava em casa por causa disto e
quando eu casei e tirei a minha esposa de casa, ele foi embora e deixou
minha sogra morando sozinha. Nunca mais deu as caras.
E outra: minha esposa me confidenciou que o seu falecido avô, quando ela ainda era uma criança, fez carícias sexuais nela.
Caio, desculpa tomar seu tempo, mas já não sei mais o que fazer.
São seis anos neste martírio. Toda vez começamos bem, e ela termina
chorando porque não consegue me dar o que ela diz que eu tenho direito;
se compara com outras mulheres, se diz anormal e quer morrer.
Não penso em me separar, mas em resolver... Já pensei em conviver
com este problema e deixar rolar... Eu tenho 27 anos e minha esposa 25.
Desculpe o desabafo!!!!
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Resposta:
Meu amado irmão: Graça e Paz!
Pensando psicologicamente é impossível não ver que sua esposa foi abusada; pois, somente um abuso explica o que você disse.
Além disso, é estranha a relação que o padastro tinha com ela.
Você deve buscar saber se o padastro ficou apenas nos olhares, ou se a
abusou; pois, é possível que tenha acontecido e ela não tenha a coragem
de falar; falando apenas do avô por terem sido “carícias infantis”, o
que, para ela, pode ser interpretado como mais brando, e, portanto, mais
fácil de confessar.
É obvio que o problema não é o tamanho de seu pênis, mas sim como
ela vê o pênis e a penetração. Daí eu achar que você deve insistir para
ela contar tudo, sem medos e sem reservas.
Do ponto de vista técnico, tem-se que dizer que Vaginismo é a
contração involuntária dos músculos próximos à vagina que impedem a
penetração pelo pênis, dedo, ou espéculo ginecológico ou mesmo um
tampão.
A mulher não consegue controlar o movimento de contração, apesar de até querer o ato sexual.
Há intenso sofrimento!
Também podem aparecer sinais de pânico, como náuseas, suor
excessivo e falta de ar quando a pessoa tenta enfrentar este medo,
aproximando-se de seu parceiro. Mesmo desejando um contato sexual, há
falta completa de controle de suas reações físicas de rejeição.
É uma disfunção não muito freqüente e geralmente acomete mulheres
com um nível intelectual alto, de boa situação econômica, com jeito de
ser do tipo controlador e com dificuldades de intimidade.
Mas, e por quê?
Vários fatores podem determinar o Vaginismo. Sempre devemos
observar se há alguma causa orgânica para dor durante o ato sexual, como
os desequilíbrios hormonais, nódulos dolorosos ou infecções nos
genitais.
O uso de algumas medicações que tenham como efeito colateral a diminuição de lubrificação vaginal também devem ser pesquisados.
As causas psicológicas mais profundas são:
Situações traumáticas de abuso sexual ou estupro.
Mensagens anti-sexuais durante a infância (como escutar dos pais que sexo é sujo).
Culpas.
Comportamento sedutor ou controlador por parte dos pais.
Dificuldade em unir amor com sexo na mesma pessoa.
Raivas entre o casal.
Competição temida com o pai ou mãe, entre outros.
E tem solução?
Vaginismo é uma disfunção relativamente fácil de se tratar quando
se tem como objetivo apenas capacitar a paciente para a penetração. No
entanto, até a mulher procurar ajuda, muitos anos de sofrimento podem se
passar. Geralmente é o ginecologista que descobre que sua paciente tem
dificuldades em realizar o exame. Nesse caso, o próprio ginecologista
encaminha ao Terapeuta Sexual para avaliar a necessidade de uso de
alguma medicação e preparar emocionalmente a paciente para enfrentar o
tratamento de dessensibilização, técnica mais indicada para essa
disfunção sexual.
Técnica de dessensibilização
A dessensibilização é realizada pelo ginecologista (mas pode, com
orientação, ser realizada pelo marido) e consiste em expor a mulher
‘gradativamente’ à situação de penetração vaginal com o uso do dedo ou
de cones específicos para o tratamento. Inicia-se com a orientação de
como são os órgãos genitais femininos, mostrando à mulher com um espelho
sua própria anatomia. Em seguida, tenta-se introduzir um dedo na
vagina. Gel lubrificante é utilizado. Com o desenvolvimento da técnica, a
mulher vai reduzindo sua hiper-sensibilidade vaginal, permitindo a
introdução de cones e após, do pênis de seu parceiro sexual. As tarefas
com o parceiro são realizadas na intimidade do casal. Quando isso
acontece no ambiente médico, o ginecologista atua como facilitador,
tentando diminuir as fantasias da mulher de se sentir rasgada, perfurada
ou dilacerada.
Psicoterapia de orientação analítica
Indicada para os casos onde há conflitos emocionais moderados a graves, como, por exemplo, abuso sexual na infância.
Consiste em sessões psicoterápicas onde a paciente é convidada a
falar tudo que lhe vem à mente. O Terapeuta Sexual, através da
interpretação, confrontação e clareamento, vai ajudar a paciente a
compreender a ligação entre seus problemas mais profundos e o sintoma
sexual do vaginismo. Com o alívio dos temores e fantasias de dor e de
invasão pessoal, a paciente pode ser reencaminhada para seu
ginecologista para a dessensibilização. Como já disse antes, creio que
com orientação, o próprio marido pode fazer a tarefa de
dessensibilização.
Ora, tendo esses dados técnicos em mente, vamos falar o que você
deve fazer a fim de ajudar, já que você é, provavelmente, a parte mais
lúcida na busca de uma cura. Isto porque, às vezes, a mulher se cansa da
tarefa, que, para ela, está sempre associada a dor e a algo traumático.
Não vá a um médico qualquer. Procure o melhor no assunto em sua
cidade. E saiba: demandará tempo, dinheiro, e muita disposição da parte
de vocês dois. Mas tem cura, e ela deve ser buscada.
No entanto, é obvio que com o histórico de “abuso” ou de
tentativas de abuso na infância ou adolescência, sua mulher desenvolveu
uma rejeição inconsciente pela idéia da penetração.
Vaginismo em geral ocorre em pessoas de educação formal mais
elevada, não sendo muito freqüente entre pessoas de origem mais básica,
do ponto de vista do acesso a educação. Além disso, mulheres que têm
vaginismo tendem a ser pessoas que deram forte importância à virgindade,
seja porque foram abusadas ou quase (como é o caso de sua esposa), ou
porque tiveram na família uma forte dose de paranóia relativa ao estado
de virgindade.
O que vocês têm que fazer, a partir de hoje, a fim de ajudarem a qualquer que seja o tratamento?
1o Converse com ela acerca do fato que muito provavelmente o
vaginismo dela seja de natureza apenas psicossomática. Ou seja: ela
contrai, involuntariamente, os músculos da região interna da vagina, em
razão dos medos e fobias que nela se fizeram associar à idéia da
penetração. Ou seja: ela tem que ter consciência de que é algo de
natureza psicológica, e que não se trata de uma impossibilidade dela,
mas apenas de uma limitação que pode ser vencida. Essa conversa,
acompanhada de entendimento e resolução pró-ativa da parte dela, é
fundamental para o início da cura.
2o Municie-se de um bom gel e inicie o processo de
dessensibilização de modo agradável e suave. Ou seja: você ‘não’ ficará
no espírito da “dessensibilização”, como se você fosse um “técnico”. Por
isso você será carinhoso em cada toque, e iniciará massageando-a
longamente na região externa da vagina. Depois nos “grandes lábios”. Em
seguida, sempre fazendo o possível para que tudo seja agradável e
prazeroso, você deve iniciar a leve introdução de seu dedo na região
interna superficial da vagina. E deverá ficar aí por alguns dias, até
que ela ganhe confiança e tenha algum prazer.
3o Faça massagens em geral nas áreas mais eroticamente sensíveis
para ela. De fato, massageie tudo. Sempre com delicadeza e como se você a
estivesse preparando para um dia ser desvirginada. A cada dia volte sua
massagem na vagina, sempre com os mesmos carinhos e cuidados.
Lembre-se: ela precisa desassociar sexo de trauma, abuso e dor.
Portanto, requer calma e muito controle seu, pois, no ato de
“dessensibilizá-la”, você ficará muito excitado, e tenderá a querer dar
um “tranco”, um “rasgão”, uma “penetrada impiedosa”. Não faça isso,
pois, se o fizer, você poderá perder a confiança dela. E ela precisa
confiar que, com você, sexo e dor não têm nada a ver. Você não é o
pai-dastro safadinho.
4o Depois de uns dias fazendo conforme lhe disse, tendo-a
completamente nua na cama, e bem estendida, comece a passar a sua mão,
quase como se a mão não fosse tocar nela, mas mantendo-a apenas roçando
nos pelos do corpo, bem suavemente... Passe a mão de ponta a ponta no
corpo dela. Depois, bem suavemente, deite-se sobre ela, e apenas
abrace-a. Faça isso pela frente e por trás. Depois, com os olhos nos
olhos dela, massageia bastante a vagina, por fora e nas imediações da
penetração. Mas não penetre. Apenas tente leva-la ao prazer. Quanto mais
prazer ela tiver, mais fácil será a penetração que ainda se aguarda.
5o Depois desse ponto, peça a ela para massagear você. Mais ou
menos do mesmo modo como você faz nela. Sendo que em relação ao seu
pênis ela deve ser provocadora e instigante. Digo isso porque muitas
mulheres que sofrem de vaginismo também têm dificuldade para tirar
prazer do encontro sexual. E como sua mulher tem esse histórico de abuso
psicológico, é fundamental que ela se veja como agente pró-ativo no
sexo. Ou seja: o próximo passo é fazer ela gostar de brincar com você,
de excitar você, e de dar prazer a você. Eu creio que é no ato de
proporcionar prazer que tais inibições vão dando lugar ao prazer
pessoal, e vão também desinibindo a pessoa para o sexo, a começar pelas
brincadeiras.
6o Depois desse tempo, inicie lentamente, com as mãos bem untadas
de gel, a enfiar seu dedo suavemente nela, não sem antes excitá-la ao
máximo na região do clitóris, e não além da profundidade de sempre. Mas
deve haver movimento de entrada e saída de seu dedo, a fim de
caracterizar o movimento sexual comum. Depois vá, suavemente,
aprofundando a penetração de seu dedo, preferencialmente o maior, e que
deve ser introduzido com você tendo a liberdade de manter a palma de sua
mão meio que virada na direção correspondente ao umbigo dela. Digo isto
porque assim facilitará você a manter o atrito de seu dedo de modo mais
controlado e indolor.
7o Então, chegará o dia em que você, depois de cumprir no mesmo
dia todos os ritos, pedirá a ela para brincar com você, com seu pênis.
Depois você solicitará a ela para se assentar sobre você, sem
penetração, mas pedindo a ela que brinque, ela mesma, com seu pênis, a
fim de “usa-lo”... ela própria. Sim, ela terá que aprender a “usa-lo”
para si mesma. Ou seja: ela tem que tirar o “elemento ferino” que está
associado ao pênis, e, para que isto aconteça, ela tem que ter a coragem
de brincar com ele na região vaginal dela; e ela própria precisará
iniciar a penetração apenas na região interna superficial da vagina...
nada mais profundo.
8o Você terá que ser sensível para saber quando ela já estará
psicologicamente madura para a primeira penetração. Quando chegar a
hora, você não a penetrará com seu pênis, mas com seu dedo, cada vez
mais profundamente, até conseguir uma profundidade que caracterize a
penetração de um “pequeno pênis”; no caso: o seu dedo. Então, já com a
penetração máxima de seu dedo realizada, fique aí alguns dias... sempre
indo apenas até esse “ponto”, sempre fazendo a mesma coisa, sem esquecer
os ritos anteriores. Ou seja: trata-se de um processo de
dessensibilização do trauma, e de sensibilização do prazer associado à
penetração. No entanto, tudo isto tem a ver com um processo de
desenvolver um novo condicionamento nela. Daí a manutenção dos ritos ser
imprescindível, pois, por ele, você a estará “programando sexualmente”
para a penetração prazerosa.
9o Depois que você já estiver introduzindo o seu dedo por um tempo
(digo: uns dias), peça a ela para agora fechar os olhos (antes tudo
deve ser visto por ela... ou seja: tem que ser de olhos bem abertos...
encarando... vendo). Mas não introduza ainda o seu pênis nela. Apenas
continue a introduzir seu dedo. Agora, todavia, sempre tendo-a com os
olhos fechados, e sempre buscando levá-la ao prazer com os olhos
fechados. Faça assim mais alguns dias, até ela ganhar confiança.
10o Quando ela já estiver tendo orgasmos de olhos fechados...
deixe passar mais uns dias... e, então, logo depois que você vir que ela
entrou num ambiente interior de orgasmos, retire o seu dedo e introduza
o seu pênis. E, ao faze-lo, no inicio, não faça movimentos de entrada e
saída, mas apenas fique lá... parado... e deixe que ela se aclimate com
a nova situação. Se ela chorar, beije-a, mas fique em cima. Se ela
continuar chorando, peça a ela que relaxe, pois, vocês estão nas
proximidades da cura. Peça a ela para não se assustar. E continue...
suavemente... e, bem lentamente, comece a mexer... até que você sinta
que ela está começando a participar... Sim, peça a ela para participar.
Ora, logo vocês estarão, nesse caso, livres desse impedimento tão
desagradável.
Tudo o que aqui disse, o disse fundado no pressuposto que os
médicos não denunciaram nenhum tipo de anomalia física em sua mulher. Se
assim é, então, saiba: você mesmo pode ser o médico e o terapeuta
sexual de sua esposa. E mais: vocês terão muito prazer juntos na busca
dessa cura se você fizer conforme eu mandei, e se ela aceitar o
“tratamento”.
Por ultimo, devo dizer que também disse o que disse assumindo que
ela ama você, gosta de você e quer você. Digo isto porque certas
mulheres desenvolvem uma espécie de “vaginismo seletivo”. Ou seja: são
fechadas apenas para o marido, mas, com outro homem, são abertas. E isto
acontece quando a mulher não gosta do marido. Nesse caso, não creio que
haja muito a ser feito.
No mais, estou por aqui. Qualquer coisa me escreva.
Um beijão carinhoso!
Nele, em Quem tudo é limpo para os limpos e puros de coração,
Caio